Adeus Kirchner
Adeus Kirchner
A recente morte precoce do ex-presidente argentino Nestor Kirchner ressuscita uma avaliação do recente período da história do nosso vizinho país.
A Argentina é o segundo maior país da América Latina com área física maior que 2 milhões de quilômetros quadrados, com população de quase 40 milhões de habitantes, de idioma espanhol e com população predominantemente católica e que obteve sua independência em 1816 através da Conferência de Tucuman. E que no início do século XX era a sétima maior economia do mundo com muitas terras férteis e vastas extensões de campo propícias para cultivo de grãos e pecuária. E é o principal sócio do Brasil no Mercosul, além de ser forte receptora de investimentos brasileiros nas áreas financeiras, comércio, tecidos, máquinas agrícolas, bebidas e petróleo entre outros produtos.
A Argentina foi o primeiro país da América Latina a ter sistema de iluminação pública das ruas e a ter metro subterrâneo. Após a segunda guerra mundial a Argentina enriqueceu em escala avançada principalmente por causa da exportação de carne e cereais ( trigo, milho, arroz e soja) para a Europa devastada pela guerra.
Uma de suas maiores lideranças políticas foi Juan Domingo Peron (1946-55 e 1973-74) cujo governo foi marcado por uma gestão econômica populista onde o governo incorria em déficits públicos constantes que o obrigavam a recorrer a empréstimos junto ao sistema financeiro internacional e ao FMI. Fato que fez o país esgotar suas reservas cambiais em pouco tempo.
A Argentina sofreu um golpe de estado em 1976 quando os militares depuseram Isabelita Peron (viúva de Juan Domingo) e instalaram um dos governos mais sangrentos e ditatoriais da América Latina através de Jorge Rafael Videla. E José Alfredo Martínez de Hoz, ministro da Fazenda da Argentina (1976-1981), executou um plano econômico que conduziu à ruína da indústria argentina, o aumento do desemprego e da dívida externa.
O episódio da guerra suja (1976/82) foi um dos momentos mais tristes do país com a perseguição, tortura e assassinato de mais de 20 mil opositores do regime . A Copa do Mundo de 1978 foi uma tentativa de reunir apoio popular em torno de um governo cruel e despótico. Pior ainda foi a aventura da Guerra das Malvinas onde Galtieri enfrentou o bem armado exército inglês em outra triste aventura que resultou na morte de mais de 700 soldados .
O governo de Raul Alfonsin (1983-1990) foi marcado pela hiperinflação(3000% aa em 1989) e pela transição ao regime democrático.
O pior ainda estava por vir: o desastroso e criminoso governo de Carlos Menen quebrou financeiramente o país e acabou na crise desastrosa de 2001.
Kirchner assumiu em 2002 e conseguiu uma redução de 75% na dívida externa em 2005 e logo desvalorizou a taxa de câmbio para dar fôlego ao setor exportador. E no período de 2003/06 a Argentina conseguiu obter uma taxa de crescimento do PIB de 8,57% que foi a maior do mundo depois da China. Recuperou a taxa de emprego doméstico, produção industrial e incentivou o turismo receptivo.
Apesar de não ter sido um governo de união nacional, Nestor Kirchner conseguiu tirar a Argentina do atoleiro deixado por Menem e colocou o país em novo padrão financeiro. Além de eleger sua esposa Cristina presidenta do país. Sua perda precoce aos 60 anos deixa o país em incerteza e o Mercosul sem sua grande liderança e coragem.
Prof. João Neutzling Jr
Economista, Mestre em Educação.
Faculdade de Tecnologia SENAC Pelotas
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