Educação e Desenvolvimento


Educação e Desenvolvimento   
                        O vínculo entre educação e desenvolvimento econômico é antigo e não merece ser esquecido. A Alemanha tem uma área física total 23 vezes menor que a nossa, mas seu PIB é quase quatro vezes  maior que o do Brasil. A Alemanha ainda tem muitos recursos naturais como carvão, minério de ferro, lavouras de trigo, rebanho leiteiro, etc. Ela teve seu  parque industrial arrasado pelo bombardeio aliado na  segunda guerra mundial. Mas como eles se reergueram depois de tanta destruição? Graças ao elevado  nível de qualificação de sua mão-de-obra e ao capital humano acumulado ao  longo de anos. O investimento em  educação foi determinante neste caso.
Para o  Brasil atingir um patamar de desenvolvimento mais avançado precisa fazer uma grande reforma educacional que  mude completamente o ensino fundamental, médio,  graduação e pós-graduação. Mas não basta ampliar o acesso à educação  sem mudar  a qualidade do produto oferecido.  Este é justamente o problema do país, a qualidade do ensino oferecido. O Brasil tem um taxa de escolarização muito baixa quando comparado a outros países. A média de estudo do brasileiro é de 4,9 anos, na Argentina é de 8,8 anos e nos EUA é de 12,5 anos. No Brasil apenas 32% da população na faixa de 25 a 34 anos tem curso secundário (o ensino médio) completo. Na Alemanha esta taxa é de85% e na Coréia do Sul é de 95%! E para piorar a situação alguns governos estaduais e municipais adotaram a prática da ‘progressão continuada’ onde  mesmo que o aluno seja reprovado em uma série do ensino fundamental ou médio ele é automaticamente promovido para a série seguinte. A progressão continuada é feita só para mascarar estatísticas.
O Brasil deve imitar  exemplos bem sucedidos já testados em outros lugares.  Por exemplo,  Coréia do Sul, Japão, Alemanha, etc. Sem falar na nação mais rica do mundo, os EUA. Só para comparar, a Alemanha tem uma renda per capita de US$30 mil e o Brasil de apenas U$ 8 mil, mas nós temos mais campeonatos mundiais de futebol que eles? Certo? Sim, mas a Alemanha tem 77 prêmios nobel nas mais diversas áreas como química, física, literatura, economia, etc. E o nosso país? Nenhum! É evidente que a diferença é o investimento em educação. Há uns anos atrás o Ministério da Educação dos EUA divulgou um estudo bem interessante. Eles notaram que a produtividade da mão-de-obra (na indústria) no Japão e na Coréia do Sul era  maior que a americana. Sabe o que eles descobriram? Um estudante típico do segundo grau coreano faz por ano 1200 exercícios de matemática e física a mais que o seu congênere americano. O ano letivo lá é maior e a  jornada diária também é maior. O Japão tem 240  dias letivos ao ano no ensino fundamental e médio contra 190 dos EUA e tem 33 horas de aula por semana contra 26 dos EUA. No Brasil a média é de 180 dias.
 E quais as reformas que nosso país deve executar? No ensino fundamental-médio é necessário ampliar o ano letivo, ampliar a jornada diária de ensino e fazer uma reforma curricular onde  o volume e qualidade da aula sejam  mais densos, mais profundos. Ampliar a carga horária de matemática e ciências para fazer os alunos pensarem. Melhorar as bibliotecas e fazer o estudante ler mais. A média de leitura de livros no Brasil é 1,8 livro-aluno-ano enquanto que na França chega a 12  livros por pessoa ao ano. Isso é vergonhoso para nós. Além disso,  os professores devem ser melhor remunerados. O  piso salarial nacional para os professores  é excelente pois  sabe-se que em algumas prefeituras do nordeste do Brasil os salários são muito baixos e desestimulam o investimento na carreira.
No ensino superior, o MEC deve ser mais criterioso na autorização de novos cursos que não atendam um padrão mínimo de qualidade e também ser mais criterioso com   gastos das IFES que, em alguns casos, gastam mais com atividade-meio do que com atividade-fim.
            É importante ainda continuar com programas como o PROUNI. Aliás, aquelas universidades que tem melhor desempenho através dos exames nacionais de avaliação devem ser premiadas com mais verbas e orçamento para ser investido no seu corpo técnico e infra-estrutura.  Deve haver uma relação mais íntima entre o setor privado e as universidades. As escolas de nível superior devem escutar o mercado, saber de suas necessidades e por que não estabelecer projetos de cooperação e pesquisa. ?
Para concluir, o Japão gasta cerca de 3% do seu PIB com pesquisa e desenvolvimento e aqui no Brasil nossa despesa com pesquisa está em torno de 1,4% do PIB.  Só há uma solução para o Brasil entrar para o primeiro mundo: mais pesquisa e mais investimento em educação para  tornar o nosso país independente de tecnologia estrangeira.

Prof. João Neutzling Jr
Economista, Mestre em Educação,
professor da Faculdade SENAC Tecnologia
 e Anhanguera Educacional S/A

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